terça-feira, 23 de abril de 2013

IDENTIFICAÇÃO DOS SUJEITOS SUPERDOTADOS/ALTAS HABILIDADES

Seguidores, professores especializados e equipe pedagógica, encontrei um texto muito interessante da autora Vânia Maria Andrade, na Revista Educação & Cidadania, muito bom e que retrata a inclusão dos alunos com altas habilidades/superdotação.

Esta clientela ainda não está sendo reconhecida na escola! Temos que identificá-los e ajudá-los na superação de suas necessidades fortalecendo e aflorando ainda mais suas habilidades. Temos que aprender a identificá - los, pois eles também sofrem preconceitos.



A INCLUSÃO DE ALUNOS
Com altas habilidades/superdotação

Todos precisamos ser incluídos, já que possuímos habilidades e deficiências. Todo professor deveria ter sempre em mãos uma lista delas para lembrar que seus alunos também as possuem. Pelo menos uma habilidade imprescindível, que deveria constar na lista dos educadores é a capacidade afetiva.
José Manuel Moran em seu texto “A afetividade na relação pedagógica” propõe uma relação mais humanista para o desenvolvimento das potencialidades do indivíduo. Se o ambiente de aprendizagem basear-se mais na troca do que no poder, mais na confiança do que no autoritarismo, melhor será a autoestima dos alunos e dos professores, mais envolvimento o professor conseguirá dos alunos para a aprendizagem. “Aprendemos mais e melhor se o fazemos num clima de confiança, de incentivo, de apoio, de autoconhecimento” (Moran, 2007).
Este ambiente de confiança, incentivo e estímulo para a aprendizagem é imprescindível para o aluno com altas habilidades/superdotação. Ele é curioso e necessita ser desafiado para aprender. A escola tem que estimulá-lo e ter um ambiente rico em experiências variadas.
Devemos lembrar que o superdotado não domina todos os saberes, não é um “sabichão” e necessita muito da presença de um professor afetivo e criativo para lhe orientar. Esta é uma grande e valiosa ferramenta para as mudanças que necessitamos na educação: a criatividade.
Um professor criativo constrói e experimenta, com o aluno, suas descobertas e orienta pesquisas, livre do compromisso de trazer os conteúdos prontos. Ele aproveita as principais características do superdotado para usá-las a seu favor, explorando-as inclusive para ajudar outros alunos e para construir aulas mais criativas.


Estas características gerais são

Alto grau de curiosidade; boa memória; persistência; independência e autonomia; interesse por áreas e tópicos diversos; facilidade de aprendizagem; criatividade e imaginação; iniciativa; liderança; vocabulário avançado para sua idade cronológica; riqueza de expressão verbal (elaboração e fluência de ideias); habilidade para considerar pontos de vista de outras pessoas; facilidade para interagir com crianças mais velhas ou com adultos; habilidade para lidar com ideias abstratas; habilidade para perceber discrepâncias entre ideias e pontos de vista; interesse por livros e outras fontes de conhecimento; alto nível de energia. (BRASIL, 2004).

Ao perceber um aluno com estas características, o professor deve encaminhá-lo para uma avaliação multidisciplinar mais criteriosa. Independentemente de ser ou não um superdotado, estas características devem ser exploradas em qualquer aluno que as apresente.
Com aulas dinâmicas, recursos variados, experiências práticas, jogos, aulas-passeio, visitas a instituições culturais, entrevistas, enfim, rotinas diversificadas, dificilmente os alunos se sentirão desmotivados para aprender.

Fleith (2007) nos dá algumas dicas sobre como trabalhar em uma realidade mais criativa e inclusiva na escola:

 • Construir, coletivamente, um clima de harmonia, respeito às diferenças e aceitação
do novo.
 • Adotar posturas de valorização e apro-veitamento dos erros e equívocos come-tidos ao longo do processo de aprendizagem.
 • Construir metodologias de ensino inovadoras, originais e instigantes.
 • Atuar, de modo consistente, no reforço e estímulo à autoestima e ao autoconceito dos alunos.
 • Valorizar expressões afetivas e incentivar o uso da imaginação e da fantasia.
 • Prover diversas situações, experiências, exercícios, desafios e práticas escolares em que as crianças e adolescentes possam exercitar competências do pensamento criativo.
 • Estimular a leitura, a reflexão, a elaboração e a produção de ideias e a solução de problemas.
 • Adotar bibliografias sobre criatividade como referência para a construção das práticas pedagógicas.

Além da mudança no formato tradicional das aulas, o professor pode, também, fazer uso da sala de recursos para complementar a aprendizagem do superdotado. Nesta modalidade, o aluno tem a oportunidade de aprofundar especificamente seus interesses e desenvolver suas habilidades.

Desta forma, uma escola inclusiva, afetiva, que estimula a criatividade do aluno e do professor, é uma escola apta a acolher a todos, sem distinção, com as suas habilidades e deficiências. É a escola que todos desejamos, mas que precisamos fazer existir.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Diretrizes nacionais para a educação especial na educação infantil. Saberes e práticas da inclusão: altas habilidades/superdotação. Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Especial, 2004.

FLEITH, D. S. A construção de práticas educacionais para alunos com altas habilidades/superdotação. Atividades de estimulação de alunos. v. 2. Brasília, DF: MEC/SEEP, 2007.

MORAN, J. M. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. 2. ed. São Paulo: Papirus, 2007.

Vania Maria Andrade
Formação: Artes Plásticas (Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1996) e Licenciatura em Artes (Universidade Tuiuti do Paraná em 2008).
Pós-Graduação em Psicopedagogia (Universidade Tuiuti do Paraná em 2003) e Altas Habilidades/Superdotação (Pós-Bagozzi em 2006).

                                Fonte:  Revista Educação & Cidadania, p.20-21, s.a)

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