domingo, 11 de agosto de 2013

DICAS para ajudar o corpo docente nas dificuldades de aprendizagens dos alunos: Transtornos funcionais específicos

Colegas, lembre-se os alunos com transtornos funcionais específicos NÃO SÃO público - alvo da Educação Especial, mas o serviço da EE deve fazer um TRABALHO ARTICULADO para responder as necessidades destes alunos. ejam algumas dicas valiosas, podem ajudar a melhorar o atendimento a estes alunos;
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 COMO RECUPERAR ALUNOS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Para obter sucesso com o aluno que apresenta dificuldade de aprendizagem é preciso refazer suas visões e replanejar suas ações cotidianas. Eis algumas sugestões para trabalhar as dificuldades na prática pedagógica:

1º PASSO: efetivar o seu compromisso com esses alunos. É preciso optar pôr esse tipo de aluno. Os que já aprenderem tem possibilidades de ir em frente com ajuda. Porém, os que ficaram na mesma, não saíram do lugar, são os que mais necessitam de você. Só assim esses alunos terão capacidade de aprender e crescer.

2º PASSO: Refazer sua cabeça em relação a alunos mais lentos e com pouca aprendizagem: Mude seu pensamento em relação a alunos com dificuldade de aprendizagem. Visões negativas são a base de um trabalho pedagógico rotulista e discriminatório observe seu aluno, ele deve ter aspectos positivos. Em algo ele é bem sucedido. Refaça sua visão sobre seu aluno com dificuldade de aprendizagem, acredite mais nele. Só assim você poderá criar um contexto que possa vir levantar a auto – estima e auto-conceito de seu aluno com dificuldade de aprendizagem.

3º PASSO: Após desfazer estereótipos, pois isto constrói uma boa imagem de seu aluno com dificuldade de aprendizagem. Sabe que eles têm lados também positivos. É só conquistá-los agora com muita afetividade e fazê-los crer que são inteligentes e que têm capacidade de ir em frente. Leve a esses alunos palavras positivas. Elogie cada ação, cada ato, cada produção, apesar de não estarem acordo com suas expectativas.

Conscientize-se que os alunos, na verdade não são iguais. Cada um é diferente do outro. Histórias de vida, fatos, interesses, ritmos, personalidade os diferenciam uns dos outros.

4º PASSO: Você criou um contexto sócio-afetivos de sucesso para os seus alunos com dificuldade de aprendizagem. Agora é fazer um trabalho pedagógico efetivo em cima do que o aluno já sabe. Para isso é preciso saber diagnosticar para planejar boas e alternativas intervenções.

Nesse momento é preciso nos comportar, conforme Luckesi, como bons médicos: aquele que diagnostica e trata. O mal médico só avalia o caso, mandando seu paciente para casa e, consequentemente, para o cemitério.

Sabemos que para aprender faz-se necessário existir uma interação sujeito x outro x objeto. O aluno necessita ter alguém, (professor, adulto ou colega mais experiente) para mediar os conhecimentos produzidos historicamente pela humanidade.

A escola e o aprendizado do aluno são importantes, pois ajudam a despertar os processos internos de desenvolvimento do indivíduo. Portanto, o processo de apropriação acontece pôr meio de um processo interpessoal (atividade mediada) que se transforma em intrapessoal (atividade voluntária). Neste sentido, Vygotsky, afirma que:

... Todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes: primeiro no nível social e depois no nível individual: primeiro entre pessoas (interpsicológica) e depois no interior da criança (intrapsicológicas) (...) Todas as funções superiores originam-se das relações reais entre indivíduos humanos (1993, p. 64).

Ao longo do tempo, ao professor atribuíram-se vários papéis: transmissão de conteúdos, não interferência, orientação da aprendizagem. É preciso nos questionar até que ponto os papéis assumidos pelo professor ao longo da história da educação brasileira têm de fato promovido o domínio dos conteúdos necessários par ao aluno com ser social e político numa sociedade de luta de classes. Portanto, a apropriação dos conteúdos só se efetiva com mediação.

Dicas importantes para se ensinar à turma toda

Para ensinar a turma toda, parte-se e que as crianças sempre sabem alguma coisa, de que todo educando pode aprender, mas no tempo e do jeito que lhe são próprios.

- É fundamental que o professor nutra uma elevada expectativa pelo aluno. O sucesso da aprendizagem está em explorar talentos, atualizar possibilidades desenvolver predisposições naturais de cada aluno. As dificuldades, deficiências e limitações são reconhecidas, mas não devem conduzir/restringir o processo de ensino, como comumente acontece.

- Para ensinar a turma toda, independentemente das diferenças de cada um dos alunos, tem de passar de um ensino transmissivo para uma pedagogia ativa, dialógica, interativa, que se contrapõe a toda e qualquer visão unidirecional, de transferência unitária, individualizada e hierárquica do saber.

_ Um dos pontos cruciais do ensinar a turma toda são a consideração da identidade sociocultural dos alunos e a valorização da capacidade de entendimento que cada um deles tem do mundo e de si mesmos. Nesse sentido, ensinar a turma toda reafirma a necessidade de se promover situações de aprendizagem que formem um “tecido colorido” de conhecimento, cujos fios expressam diferentes possibilidades de interpretação e de entendimento de um grupo de pessoas que atua cooperativamente. Sem estabelecer uma referência, sem buscar o consenso, mas investindo nas diferenças e na riqueza de um ambiente que confronta significados, desejos, experiências, o professor deve garantir a liberdade e a diversidade das opiniões dos alunos. Nesse sentido, ele deverá propiciar oportunidades para o aluno aprender a partir do que sabe e chegar até onde é capaz de progredir. Afinal, aprendemos quando resolvemos nossas dúvidas, superamos nossas incertezas e satisfazemos nossa curiosidade.

 DIFICULDADES APRENDIZAGEM X DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM

Os termos dificuldades e distúrbios de aprendizagem têm gerado muitas controvérsias entre os profissionais, tanto da área da educação quanto da saúde. Isto porque, há uma sintomatologia muito ampla, com diversidade de fatores etiológicos, quando se considera o aprendizado da leitura, escrita e matemática. Entretanto, é necessário uma adequação nestas terminologias a fim de possibilitar uma homogeneização quando estes casos são discutidos pelos profissionais das áreas afins.

Considerando-se os dois principais manuais internacionais de diagnóstico, os transtornos de aprendizagem são assim definidos:

1. CID – 10: organizado pela Organização Mundial de Saúde - OMS/1992: "Grupos de transtornos manifestados por comprometimentos específicos e significativos no aprendizado de habilidades escolares. Estes comprometimentos no aprendizado não são resultados diretos de outros transtornos (tais como retardo mental, déficits neurológicos grosseiros, problemas visuais ou auditivos não corrigidos ou perturbações emocionais) embora eles possam ocorrer simultaneamente em tais condições"... (1993, p. 237).

2. DSM – IV: organizado pela Associação Psiquiátrica Americana/1995: “Os transtornos de aprendizagem são diagnosticados quando os resultados do indivíduo em testes padronizados e individualmente administrados de leitura, matemática ou expressão escrita estão substancialmente abaixo do esperado para sua idade, escolarização ou nível de inteligência. Os transtornos de aprendizagem podem persistir até a idade adulta” (1995, p. 46).

Ambos os manuais consideram, basicamente, três tipos de transtornos, quais sejam, da leitura (dislexia), da escrita (disgrafia e disortografia) e das habilidades matemáticas (discalculia). Também referem que, em qualquer dos casos, deve haver os seguintes requisitos para o diagnóstico de transtorno:

-           Ausência de comprometimento intelectual, neurológico evidente ou sensorial;
-           Adequadas condições de escolarização;
-                     Início situado obrigatoriamente na primeira ou segunda infância.

Diversos autores, a partir de suas pesquisas, procuram esclarecer os pontos divergentes na literatura em relação às alterações na aprendizagem escolar e, por conta dos seus enfoques (pedagógico ou clínico), têm-se as variações na conceituação e caracterização dos mesmos no processo de ensino-aprendizagem.

Para Fonseca (1995), a criança com dificuldade de aprendizagem não deve ser “classificada” como deficiente. Trata-se de uma criança normal que aprende de uma forma diferente, a qual apresenta uma discrepância entre o potencial atual e o potencial esperado. Não pertence a nenhuma categoria de deficiência, não sendo sequer uma deficiência mental, pois possui um potencial cognitivo que não é realizado em termos de aproveitamento educacional. O risco está em não se detectar esses casos, não se proporcionando no momento propício às intervenções pedagógicas preventivas nos períodos de maturação mais plásticos. Se não se detectarem esses casos, a escola com o seu critério seletivo de rendimento podem influenciar e reforçar a inadaptação, culminando, muitas vezes, mais tarde, no atraso mental, na delinqüência ou em sociopatias.
Na mesma linha de raciocínio, Soares (2005) refere que, exigir de todos os alunos a mesma atuação, é um caminho improdutivo; cada um é diferente, com o seu próprio tempo lógico e psicológico, e cada um tem uma maneira específica de lidar com o conhecimento. Respeitar essa “veia”, este ritmo para o ato de aprender é preservar o cérebro de uma possível sobrecarga que contribuiria para uma desintegração total do processo ensino- aprendizagem.

Conforme Castaño (2003), o termo dificuldade de aprendizagem pode ser caracterizado por alterações no processo de desenvolvimento do aprendizado da leitura, escrita e raciocínio lógico-matemático, podendo estar associadas ou não a comprometimentos da linguagem oral.

Já para França (1996), a distinção feita entre os termos dificuldade e distúrbios de aprendizagem está baseada na concepção de que o termo “dificuldade” está relacionado a problemas de ordem pedagógica e/ou sócio-culturais, logo, o problema não está centrado apenas no aluno, sendo que essa visão é mais freqüentemente utilizada em uma perspectiva preventiva; por outro lado, o termo “distúrbio” está vinculado ao aluno que sugere a existência de comprometimento neurológico em funções corticais específicas, sendo mais utilizado pela perspectiva clínica ou remediativa.

Zorzi (2003) relata que, crianças que não tenham apresentado quaisquer dificuldades no desenvolvimento da linguagem oral, podem vir a apresentar dificuldades específicas de linguagem escrita. Para estas, as dificuldades começam a surgir a partir do processo de alfabetização, manifestando-se em termos de alterações de leitura, assim como, de escrita. Alterações nos processos lingüísticos, envolvendo especificamente a linguagem escrita, são característicos nesses casos.

Conforme a AID (Internacional Dislexia Association, 1994), a dislexia é um distúrbio de linguagem, de origem constitucional, caracterizado pela dificuldade em decodificar palavras simples. Mostra uma insuficiência no processo fonológico, sendo que essas dificuldades em decodificar palavras simples não são esperadas para a idade. Apesar da instrução convencional, adequada inteligência, oportunidade sociocultural e ausência de distúrbios cognitivos e sensoriais fundamentais, a criança falha no processo de aquisição da linguagem com freqüência, incluídos aí os problemas de leitura, aquisição e capacidade de soletrar.

De acordo com Ciasca, o distúrbio de aprendizagem é considerado como: “Sendo uma disfunção do SNC, relacionada a uma falha no processo de aquisição ou do desenvolvimento, tendo, portanto, caráter funcional: diferentemente de dificuldade escolar – DE – que está relacionada especificamente a um problema de origem e ordem pedagógica”. (2003, p. 27).

Para Capellini (2004), sinais como redução de léxico, sintaxe desestruturada, dificuldade para processar sons nas palavras, dificuldade para lembrar sentenças ou histórias, entre outros, podem ocorrer tanto em distúrbios como em dificuldades de aprendizagem, sendo fator diferenciador a não contribuição do histórico familiar negativo somente nas crianças com distúrbios de aprendizagem. Revela ainda, que não devemos inserir todas as crianças com o distúrbio no mesmo grupo. Existem aquelas com deficiência mental, sensorial ou motora que apresentam o distúrbio de leitura e escrita como resultante desses problemas. Há, também, aquelas nas qual o distúrbio de aprendizagem decorre de disfunções neuropsicológicas que comprometem o processamento da informação.

Neste sentido, o termo dificuldade estaria mais relacionado àquelas manifestações escolares decorrentes de uma situação problemática mais geral, como, por exemplo, inadaptação escolar, proposta pedagógica e desenvolvimento emocional. A criança manifestaria, também, na escola, comportamentos sugestivos de alguma dificuldade, que não seria específica de aprendizagem.

Para a mesma autora, o diagnóstico envolve a aplicação de testes que qualificam e quantificam as habilidades cognitivo-lingüísticas, além do desenvolvimento escolar da leitura, escrita e raciocínio lógico-matemático, baseados em idade cronológica, mental e escolaridade. A criança com dificuldade de aprendizagem, durante muito tempo, foi encaminhada ao médico, cujo diagnóstico isolado, ansiosamente aguardado pela família e pela escola, iria confirmar ou negar a sua normalidade.
Num passado ainda próximo, nos casos detectados, geralmente a criança era encaminhada para classes ou escolas especiais que ofereciam um ensino diferenciado. Com isso, acabava por tornar-se estigmatizada e fazer parte de um segmento social marginalizado, onde as oportunidades de ampliação de suas potencialidades eram reduzidíssimas. Apenas com a chancela do médico, na maioria das vezes, a criança com dificuldade de aprendizagem passava a ser considerada, por muitas pessoas, como um ser incapaz de criar e produzir conhecimento.
Mesmo hoje, não podemos ignorar que, diante de qualquer desvio do padrão de comportamento, principalmente na escola, a primeira hipótese de explicação ainda faz referência a um possível problema mental.

  FATORES QUE INTERFEREM NA APRENDIZAGEM

4.1. Fatores ligados na criança: Deve-se sempre lembrar que as crianças são diferentes. Por isso, nem sempre o que não é o mais comum é patológico, ou seja, uma doença. Estas diferenças demandam muito do professor no dia a dia, e exigem conhecimento que ultrapassam aqueles relacionados simplesmente a um domínio de um determinado método. Porém, ingressam na escola crianças com reais dificuldades. Dentre as causas de dificuldades escolares devido a problemas com a criança estão:
4.1.1. Desnutrição: A desnutrição pode comprometer o desenvolvimento intelectual futuro. Esse prejuízo é determinado pela duração e graus da desnutrição, pelas experiências vivenciadas e o contexto de vida. Por exemplo, uma desnutrição grave em uma criança que tem fatores que favoreçam o aprendizado escolar é menos deletéria que uma desnutrição leve em uma criança com ambiente desfavorável. Nesse contexto, afirmar que a desnutrição é a principal causa de fracasso escolar nas escolas públicas significa mascarar os erros e as deficiências do sistema escolar e da organização social vigente.
4.1.2. Hiperatividade: Trata-se de um diagnóstico muito comum em crianças com dificuldades escolares em todos os níveis sociais. É mais comum no sexo masculino. É caracterizada por falta de atenção, impulsividade e hiperatividade. Em geral o paciente tem comportamento anti-social e auto-estima baixa.
É comum o pediatra receber crianças encaminhadas da escola com a alegação do professor de que essas não têm capacidade de se concentrar. Procura-se explicar esta falta de concentração como produto de alguma disfunção ou imaturidade neurológica. Por outro lado, a falta de atenção em sala de aula, antes de ser uma incapacidade para manter atenção, pode significar uma falta de motivação decorrente de métodos pedagógicos ou interação aluno-professor inadequados.
4.1.3. Transtornos Emocionais: São caracterizados por sintomas de duração mais prolongada. No quadro clínico encontra-se ansiedade, timidez excessiva, infelicidade e atitudes manipulativas. Quando não se detectam grandes alterações familiares (alcoolismo, separação, violência doméstica), nega-se que possa haver componente emocional. Em contraste, na presença de um destes problemas, a tendência é valorizar demais os problemas emocionais, algumas vezes, retardando o diagnóstico de alterações mais graves. A detecção de um problema específico não deve significar o fim da avaliação e muito menos considerar este problema como causa única. A dificuldade no aprendizado deve ser entendida como o resultado final, aparente, de inúmeros fatores, numa interação complexa.
4.2. Fatores que interferem à escola: Trata-se de um problema social principalmente nas escolas públicas, onde as condições de trabalho nem sempre são as ideais. Desta forma, alguns professores que aceitam essas condições de trabalho não são bem qualificados e são desmotivados já que, além das precárias condições, o salário é baixo. O grande número de crianças nas salas de aula e a heterogeneidade daquelas faz com que um único ritmo de ensino prejudique os alunos com dificuldade no aprendizado. O sistema educacional brasileiro está longe do ideal e são as crianças menos estimuladas em casa (de classe social mais baixa) que, algumas vezes, se encontram nas escolas com piores recursos físicos e pessoais.
4.3. Fatores relacionados à família: A estrutura familiar é de suma importância na vida escolar da criança. Sabe-se que pais que estudaram por um período maior oferecem um ambiente mais adequado para seus filhos estudarem. Porém, a falta de estímulo por parte dos pais nas famílias carentes pode ser responsável pelo maior índice de atraso geral de desenvolvimento nessas crianças. Outras situações podem interferir como:
·         Nível de exigência da família além das possibilidades da criança;
·         Confusão de métodos entre a escola e a família;
·         Pais obsessivamente preocupados causando ansiedade nos filhos;
·         A criança que trabalha para ajudar no “sustento” da casa, levando  faltas na escola.
Uma família equilibrada, amorosa e que valoriza as atividades de lazer, assim como a participação nas atividades propostas pela escola é o ponto fundamental para a prevenção e tratamento das dificuldades escolares.
O processo de aprendizagem está diretamente ligado às condições sociais e econômicas de uma população. Sem políticas de eqüidade social, a atuação de todos os profissionais envolvidos nas questões escolares fica bastante prejudicada.
Para prevenir os problemas relacionados ao desenvolvimento escolar inadequado pode-se esperar participação conjunta da escola e dos profissionais de saúde na detecção de possíveis problemas de forma mais precoce possível. Mesmo antes da entrada da criança na escola é possível identificar diversos fatores que poderão prejudicar seu desenvolvimento escolar.
O ambiente familiar da criança é fator de grande importância na aprendizagem. Um dos problemas que mais aflige os pais é o fato do filho não ir bem à escola. Mas, antes de qualquer iniciativa, é necessário questionar o conceito de sucesso escolar e o papel de pais e professores no processo de aprendizagem. A dificuldade do ensino e aprendizagem está muito ligada aos problemas sociais e familiares.
Uma criança que nunca tenha tido contato com a escrita ou qualquer outro estímulo, não terá as mesmas condições de outra emocionalmente estável que sempre esteve em contato com livrinhos e meios de comunicação. Há muitos problemas que determinam o fato de uma criança não ir bem à escola. Tais problemas são causados por qualquer deficiência. Na maioria, a causa está no bloqueio emocional, falta de preparo ou mesmo problema financeiro em casa, isto é, decorrente da situação econômica em que se encontra a família atual, já que vivem na maioria das vezes num mesmo quarto, sem um único livro e às  vezes até sem nenhum meio de comunicação, ocorrendo  também  à necessidade dos pais  trabalharem fora o dia inteiro deixando os filhos sozinhos. Tudo isso dificulta a aprendizagem.
Tanto os problemas sociais quanto os emocionais influenciam decisivamente sobre o processo de aprendizagem e as escolas devem estar atenta a isto. Ás vezes as razões mais evidentes dos problemas escolares estão em geral na constituição familiar, em problemas que estão mais ligados a razões emocionais do que qualquer deficiência orgânica. Quando uma criança não vai bem à escola é necessário, antes de tudo, estudar e analisar a própria vida dela em seu contexto familiar.
Outros problemas comuns são as pressões e as expectativas dos pais. O mito de ser o primeiro da classe, muito estimulado pela sociedade, traz às vezes sérios problemas para a criança, pois ela nem sempre consegue êxito imediato e sente que está frustrando os pais e isso faz com que ela perca o interesse pelo estudo. Outro fator importante no que se refere à interferência da família na aprendizagem é a criação de equilíbrio no lar, não havendo assim, conflitos que interfiram nos aspectos emocionais da criança. Quando a mesma vivencia uma situação emocional tencionante, a sua aprendizagem ficará comprometida, levando-a a ter resultados insatisfatórios.

A situação de um casal desunido, separado ou divorciado pode provocar situações de distúrbios para a criança. Nestes casos, normalmente existe uma atitude negativa entre os pais e a conseqüência natural é o surgimento de distúrbios de desenvolvimento emocional ou social, circunstâncias estas que podem levar a distúrbios de aprendizagem.

Quando os pais se conflitam, a criança vê sua segurança ameaçada, perde grande parte da fé e confiança no mundo dos adultos e, em geral, apresenta sérios problemas de rendimento escolar. Esta é uma situação crítica  de incompatibilidade.

Esse fator é muito presente no ambiente do aluno e que pode ter influxo no seu rendimento escolar, uma vez que a escola poderá interferir benéfica ou maleficamente no desenvolvimento da aprendizagem.
É essencial o trabalho conjunto da escola, dos profissionais de saúde e da família. Nesse aspecto, é importante que a família saiba identificar os problemas e, principalmente, saiba que existem profissionais de diversas áreas para oferecer ajuda sempre que for necessário.
Na maioria das vezes o acompanhamento multidisciplinar adequado ajuda a criança a vencer as dificuldades e acompanhar normalmente os colegas de sala. Contudo, se o diagnostico não for feito precocemente pode levar a problemas graves no futuro, como dificuldades no convívio social, baixa auto-estima e entraves à profissionalização.
_AS APRENDIZAGENS E AS EMOÇÕES

Toda e qualquer aprendizagem exige não apenas esforço intelectual mas também um estado de espírito prazeroso que desiniba a inteligência e a capacidade de aprender. Sabe-se, com efeito, que as perturbações emocionais como a ansiedade, o medo ou a insegurança inibem o intelecto condicionando todas as funções cognitivas que são chamadas a intervir na elaboração do raciocínio (lógico, analítico, criativo, etc) e nas actividades da memória (registo, evocação,etc).

Estimular auto-estima e auto-confiança nas crianças em idade escolar deve ser uma das principais preocupações dos pais e dos agentes de educação para que o esforço de aprender seja facilitado e estimulado por estados emocionais positivos.

Sugerem-se os seguintes procedimentos:
1.      Incentivar a Empatia e o Afeto: embora a linguagem e a lógica sejam importantes para ensinar valores às crianças, não moldam o comportamento delas como as emoções e os sentimentos. Promova bem-estar emocional. As emoções são poderosas.
2. Honestidade e Integridade: a honestidade e a ética podem ser assunto de permanentes conversas desde tenra idade, escolhendo livros e vídeos para compartilhar com elas, utilizando jogos que desenvolvam a confiança, etc.
3. Vergonha e Culpa:a vergonha e a culpa não são vilãs emocionais. Quando utilizadas de forma apropriada, são recursos importantes para os pais ensinarem valores morais aos filhos. Use-as mas não abuse.
4. Pensamento Realista: isto é o oposto da auto-ilusão. Livros ou histórias contadas pelos pais podem modelar este tipo de pensamento. As crianças aprenderão a pensar de forma realista sobre os seus problemas ou preocupações se os pais fizerem o mesmo. A verdade, mesmo dolorosa, não deve ser escondida.
5. Otimismo: o otimismo aprende-se com os pais. É mais do que um simples pensamento positivo. É um hábito de pensar positivamente, uma disposição ou tendência de olhar para o lado mais favorável dos acontecimentos ou condições e esperar pelo resultado mais favorável.
6. Humor: As crianças bem-humoradas apresentam um quociente de inteligência intrapessoal superior às outras. O seu sucesso social é geralmente muito grande e fácil de obter.O humor aprende-se a desenvolver desde muito cedo. A boa disposição e o clima reinante em casa ajudam a modelar um espírito bem-humorado. As brincadeiras divertidas favorecem os alicerces do humor.
7. Amizades : Devem ser incentivadas pelos pais e na escola. Participar em festas e em grupos é um bom meio de fortalecer a inteligência social.

8. Boas Maneiras: Desde muito nova, a criança deve aprender a comportar-se bem mas sem constrangimentos. A melhor forma de educar boa maneiras é mostrar como é. As crianças aprendem muito bem por imitação.
9. Persistência e Esforço: Na adolescência, muitas crianças perdem interesse em lutar pelas coisas quando enfrentam a realidade das coisas. Já nem tudo é fácil como antes, durante a infância. Assim, é necessário ensinar as crianças a perceber o que é a perseverança e a persistência. As biografias de gente de sucesso é um bom meio. É também muito importante ajudá-los a administrar o tempo.
10. Enfrentar e Superar Fracassos: as crianças são particularmente vulneráveis aos problemas ligados à motivação. É útil ensinar-lhes que as ameaças e os problemas da vida são desafios a serem estudados e vencidos. Deve-se ensiná-los a saber tirar partido das suas habilidades e pontos fortes.
11. Consciência Emocional: Incentivar as crianças a verbalizarem os seus sentimentos como maneira de lidarem com conflitos e preocupações. Ajudá-las a ouvirem e estudarem soluções para os problemas emocionais.
12. Controle Emocional: desde muito novas, as crianças devem aprender a gerir as suas emoções, conversando, dialogando, ouvindo, dando opiniões, pesquisando soluções para os seus problemas emocionais e sentimentais.


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