v
COMO RECUPERAR
ALUNOS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Para obter sucesso com o aluno que apresenta dificuldade de aprendizagem
é preciso refazer suas visões e replanejar suas ações cotidianas. Eis algumas
sugestões para trabalhar as dificuldades na prática pedagógica:
1º PASSO: efetivar o seu
compromisso com esses alunos. É preciso optar pôr esse tipo de aluno. Os
que já aprenderem tem possibilidades de ir em frente com ajuda. Porém, os que
ficaram na mesma, não saíram do lugar, são os que mais necessitam de você. Só
assim esses alunos terão capacidade de aprender e crescer.
2º PASSO: Refazer sua cabeça
em relação a alunos mais lentos e com pouca aprendizagem: Mude seu pensamento
em relação a alunos com dificuldade de aprendizagem. Visões negativas são a
base de um trabalho pedagógico rotulista e discriminatório observe seu aluno,
ele deve ter aspectos positivos. Em algo ele é bem sucedido. Refaça sua visão
sobre seu aluno com dificuldade de aprendizagem, acredite mais nele. Só assim
você poderá criar um contexto que possa vir levantar a auto – estima e
auto-conceito de seu aluno com dificuldade de aprendizagem.
3º PASSO: Após desfazer
estereótipos, pois isto constrói uma boa imagem de seu aluno com dificuldade de
aprendizagem. Sabe que eles têm lados também positivos. É só conquistá-los
agora com muita afetividade e fazê-los crer que são inteligentes e que têm
capacidade de ir em
frente. Leve a esses alunos palavras positivas. Elogie cada
ação, cada ato, cada produção, apesar de não estarem acordo com suas
expectativas.
Conscientize-se
que os alunos, na verdade não são iguais. Cada um é diferente do outro.
Histórias de vida, fatos, interesses, ritmos, personalidade os diferenciam uns
dos outros.
4º PASSO: Você criou um
contexto sócio-afetivos de sucesso para os seus alunos com dificuldade de
aprendizagem. Agora é fazer um trabalho pedagógico efetivo em cima do que o
aluno já sabe. Para isso é preciso saber diagnosticar para planejar boas e
alternativas intervenções.
Nesse momento é preciso nos comportar, conforme Luckesi, como bons
médicos: aquele que diagnostica e trata. O mal médico só avalia o caso,
mandando seu paciente para casa e, consequentemente, para o cemitério.
Sabemos que para aprender faz-se necessário existir uma interação sujeito
x outro x objeto. O aluno necessita ter alguém, (professor, adulto ou colega
mais experiente) para mediar os conhecimentos produzidos historicamente pela
humanidade.
A escola e o aprendizado do aluno são importantes, pois ajudam a
despertar os processos internos de desenvolvimento do indivíduo. Portanto, o
processo de apropriação acontece pôr meio de um processo interpessoal
(atividade mediada) que se transforma em intrapessoal (atividade voluntária).
Neste sentido, Vygotsky, afirma que:
... Todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes:
primeiro no nível social e depois no nível individual: primeiro entre pessoas
(interpsicológica) e depois no interior da criança (intrapsicológicas) (...)
Todas as funções superiores originam-se das relações reais entre indivíduos
humanos (1993, p. 64).
Ao longo do tempo, ao professor atribuíram-se vários papéis: transmissão de conteúdos, não interferência, orientação da aprendizagem. É preciso nos questionar até que ponto os papéis assumidos pelo professor ao longo da história da educação brasileira têm de fato promovido o domínio dos conteúdos necessários par ao aluno com ser social e político numa sociedade de luta de classes. Portanto, a apropriação dos conteúdos só se efetiva com mediação.
Dicas importantes para se ensinar à turma toda
Para ensinar a
turma toda, parte-se e que as crianças sempre sabem alguma coisa, de que todo
educando pode aprender, mas no tempo e do jeito que lhe são próprios.
- É fundamental
que o professor nutra uma elevada expectativa pelo aluno. O sucesso da
aprendizagem está em explorar talentos, atualizar possibilidades desenvolver
predisposições naturais de cada aluno. As dificuldades, deficiências e
limitações são reconhecidas, mas não devem conduzir/restringir o processo de ensino,
como comumente acontece.
- Para ensinar a
turma toda, independentemente das diferenças de cada um dos alunos, tem de
passar de um ensino transmissivo para uma pedagogia ativa, dialógica,
interativa, que se contrapõe a toda e qualquer visão unidirecional, de
transferência unitária, individualizada e hierárquica do saber.
_ Um dos pontos
cruciais do ensinar a turma toda são a consideração da identidade sociocultural
dos alunos e a valorização da capacidade de entendimento que cada um deles tem
do mundo e de si mesmos. Nesse sentido, ensinar a turma toda reafirma a
necessidade de se promover situações de aprendizagem que formem um “tecido
colorido” de conhecimento, cujos fios expressam diferentes possibilidades de
interpretação e de entendimento de um grupo de pessoas que atua
cooperativamente. Sem estabelecer uma referência, sem buscar o consenso, mas
investindo nas diferenças e na riqueza de um ambiente que confronta
significados, desejos, experiências, o professor deve garantir a liberdade e a
diversidade das opiniões dos alunos. Nesse sentido, ele deverá propiciar
oportunidades para o aluno aprender a partir do que sabe e chegar até onde é
capaz de progredir. Afinal, aprendemos quando resolvemos nossas dúvidas,
superamos nossas incertezas e satisfazemos nossa curiosidade.
DIFICULDADES
APRENDIZAGEM X DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
Os termos
dificuldades e distúrbios de aprendizagem têm gerado muitas controvérsias entre
os profissionais, tanto da área da educação quanto da saúde. Isto porque, há
uma sintomatologia muito ampla, com diversidade de fatores etiológicos, quando
se considera o aprendizado da leitura, escrita e matemática. Entretanto, é
necessário uma adequação nestas terminologias a fim de possibilitar uma
homogeneização quando estes casos são discutidos pelos profissionais das áreas
afins.
Considerando-se
os dois principais manuais internacionais de diagnóstico, os transtornos de
aprendizagem são assim definidos:
1. CID –
10: organizado pela Organização Mundial de Saúde - OMS/1992: "Grupos de transtornos manifestados por
comprometimentos específicos e significativos no aprendizado de habilidades
escolares. Estes comprometimentos no aprendizado não são resultados diretos de
outros transtornos (tais como retardo mental, déficits neurológicos grosseiros,
problemas visuais ou auditivos não corrigidos ou perturbações emocionais)
embora eles possam ocorrer simultaneamente em tais condições"...
(1993, p. 237).
2. DSM –
IV: organizado pela Associação Psiquiátrica Americana/1995: “Os transtornos de aprendizagem são
diagnosticados quando os resultados do indivíduo em testes padronizados e
individualmente administrados de leitura, matemática ou expressão escrita estão
substancialmente abaixo do esperado para sua idade, escolarização ou nível de
inteligência. Os transtornos de aprendizagem podem persistir até a idade adulta”
(1995, p. 46).
Ambos
os manuais consideram, basicamente, três tipos de transtornos, quais sejam, da
leitura (dislexia), da escrita (disgrafia e disortografia) e das habilidades
matemáticas (discalculia). Também referem que, em qualquer dos casos, deve
haver os seguintes requisitos para o diagnóstico de transtorno:
- Ausência de comprometimento
intelectual, neurológico evidente ou sensorial;
- Adequadas condições de escolarização;
-
Início situado obrigatoriamente na primeira ou segunda
infância.
Diversos
autores, a partir de suas pesquisas, procuram esclarecer os pontos divergentes
na literatura em relação às alterações na aprendizagem escolar e, por conta dos
seus enfoques (pedagógico ou clínico), têm-se as variações na conceituação e
caracterização dos mesmos no processo de ensino-aprendizagem.
Para
Fonseca (1995), a criança com dificuldade de aprendizagem não deve ser
“classificada” como deficiente. Trata-se de uma criança normal que aprende de
uma forma diferente, a qual apresenta uma discrepância entre o potencial atual
e o potencial esperado. Não pertence a nenhuma categoria de deficiência, não
sendo sequer uma deficiência mental, pois possui um potencial cognitivo que não
é realizado em termos de aproveitamento educacional. O risco está em não se
detectar esses casos, não se proporcionando no momento propício às intervenções
pedagógicas preventivas nos períodos de maturação mais plásticos. Se não se
detectarem esses casos, a escola com o seu critério seletivo de rendimento podem
influenciar e reforçar a inadaptação, culminando, muitas vezes, mais tarde, no
atraso mental, na delinqüência ou em sociopatias.
Na mesma
linha de raciocínio, Soares (2005) refere que, exigir de todos os alunos a
mesma atuação, é um caminho improdutivo; cada um é diferente, com o seu próprio
tempo lógico e psicológico, e cada um tem uma maneira específica de lidar com o
conhecimento. Respeitar essa “veia”, este ritmo para o ato de aprender é
preservar o cérebro de uma possível sobrecarga que contribuiria para uma
desintegração total do processo ensino- aprendizagem.
Conforme
Castaño (2003), o termo dificuldade de aprendizagem pode ser caracterizado por
alterações no processo de desenvolvimento do aprendizado da leitura, escrita e
raciocínio lógico-matemático, podendo estar associadas ou não a
comprometimentos da linguagem oral.
Já para
França (1996), a distinção feita entre os termos dificuldade e distúrbios de
aprendizagem está baseada na concepção de que o termo “dificuldade” está
relacionado a problemas de ordem pedagógica e/ou sócio-culturais, logo, o
problema não está centrado apenas no aluno, sendo que essa visão é mais
freqüentemente utilizada em uma perspectiva preventiva; por outro lado, o termo
“distúrbio” está vinculado ao aluno que sugere a existência de comprometimento
neurológico em funções corticais específicas, sendo mais utilizado pela
perspectiva clínica ou remediativa.
Zorzi
(2003) relata que, crianças que não tenham apresentado quaisquer dificuldades
no desenvolvimento da linguagem oral, podem vir a apresentar dificuldades
específicas de linguagem escrita. Para estas, as dificuldades começam a surgir
a partir do processo de alfabetização, manifestando-se em termos de alterações
de leitura, assim como, de escrita. Alterações nos processos lingüísticos,
envolvendo especificamente a linguagem escrita, são característicos nesses
casos.
Conforme a
AID (Internacional Dislexia Association, 1994), a dislexia é um distúrbio de linguagem, de origem constitucional,
caracterizado pela dificuldade em decodificar palavras simples. Mostra uma
insuficiência no processo fonológico, sendo que essas dificuldades em
decodificar palavras simples não são esperadas para a idade. Apesar da
instrução convencional, adequada inteligência, oportunidade sociocultural e
ausência de distúrbios cognitivos e sensoriais fundamentais, a criança falha no
processo de aquisição da linguagem com freqüência, incluídos aí os problemas de
leitura, aquisição e capacidade de soletrar.
De acordo
com Ciasca, o distúrbio de aprendizagem é considerado como: “Sendo uma disfunção do SNC, relacionada a
uma falha no processo de aquisição ou do desenvolvimento, tendo, portanto,
caráter funcional: diferentemente de dificuldade escolar – DE – que está
relacionada especificamente a um problema de origem e ordem pedagógica”.
(2003, p. 27).
Para
Capellini (2004), sinais como redução de léxico, sintaxe desestruturada,
dificuldade para processar sons nas palavras, dificuldade para lembrar
sentenças ou histórias, entre outros, podem ocorrer tanto em distúrbios como em
dificuldades de aprendizagem, sendo fator diferenciador a não contribuição do
histórico familiar negativo somente nas crianças com distúrbios de
aprendizagem. Revela ainda, que não devemos inserir todas as crianças com o
distúrbio no mesmo grupo. Existem aquelas com deficiência mental, sensorial ou
motora que apresentam o distúrbio de leitura e escrita como resultante desses
problemas. Há, também, aquelas nas qual o distúrbio de aprendizagem decorre de
disfunções neuropsicológicas que comprometem o processamento da informação.
Neste
sentido, o termo dificuldade estaria mais relacionado àquelas manifestações
escolares decorrentes de uma situação problemática mais geral, como, por
exemplo, inadaptação escolar, proposta pedagógica e desenvolvimento emocional.
A criança manifestaria, também, na escola, comportamentos sugestivos de alguma
dificuldade, que não seria específica de aprendizagem.
Para a
mesma autora, o diagnóstico envolve a aplicação de testes que qualificam e
quantificam as habilidades cognitivo-lingüísticas, além do desenvolvimento
escolar da leitura, escrita e raciocínio lógico-matemático, baseados em idade
cronológica, mental e escolaridade. A criança com
dificuldade de aprendizagem, durante muito tempo, foi encaminhada ao médico,
cujo diagnóstico isolado, ansiosamente aguardado pela família e pela escola,
iria confirmar ou negar a sua normalidade.
Num passado
ainda próximo, nos casos detectados, geralmente a criança era encaminhada para
classes ou escolas especiais que ofereciam um ensino diferenciado. Com isso,
acabava por tornar-se estigmatizada e fazer parte de um segmento social
marginalizado, onde as oportunidades de ampliação de suas potencialidades eram
reduzidíssimas. Apenas com a chancela do médico, na maioria das vezes, a
criança com dificuldade de aprendizagem passava a ser considerada, por muitas
pessoas, como um ser incapaz de criar e produzir conhecimento.
Mesmo
hoje, não podemos ignorar que, diante de qualquer desvio do padrão de
comportamento, principalmente na escola, a primeira hipótese de explicação
ainda faz referência a um possível problema mental.
FATORES QUE
INTERFEREM NA APRENDIZAGEM
4.1. Fatores ligados na criança: Deve-se
sempre lembrar que as crianças são diferentes. Por isso, nem sempre o que não é
o mais comum é patológico, ou seja, uma doença. Estas diferenças demandam muito
do professor no dia a dia, e exigem conhecimento que ultrapassam aqueles
relacionados simplesmente a um domínio de um determinado método. Porém,
ingressam na escola crianças com reais dificuldades. Dentre as causas de
dificuldades escolares devido a problemas com a criança estão:
4.1.1. Desnutrição: A desnutrição pode
comprometer o desenvolvimento intelectual futuro. Esse prejuízo é determinado
pela duração e graus da desnutrição, pelas experiências vivenciadas e o
contexto de vida. Por exemplo, uma desnutrição grave em uma criança que tem
fatores que favoreçam o aprendizado escolar é menos deletéria que uma
desnutrição leve em uma criança com ambiente desfavorável. Nesse contexto,
afirmar que a desnutrição é a principal causa de fracasso escolar nas escolas
públicas significa mascarar os erros e as deficiências do sistema escolar e da
organização social vigente.
4.1.2. Hiperatividade: Trata-se de um
diagnóstico muito comum em crianças com dificuldades escolares em todos os
níveis sociais. É mais comum no sexo masculino. É caracterizada por falta de
atenção, impulsividade e hiperatividade. Em geral o paciente tem comportamento anti-social
e auto-estima baixa.
É comum o
pediatra receber crianças encaminhadas da escola com a alegação do professor de
que essas não têm capacidade de se concentrar. Procura-se explicar esta falta
de concentração como produto de alguma disfunção ou imaturidade neurológica.
Por outro lado, a falta de atenção em sala de aula, antes de ser uma
incapacidade para manter atenção, pode significar uma falta de motivação
decorrente de métodos pedagógicos ou interação aluno-professor inadequados.
4.1.3. Transtornos Emocionais: São
caracterizados por sintomas de duração mais prolongada. No quadro clínico
encontra-se ansiedade, timidez excessiva, infelicidade e atitudes
manipulativas. Quando não se detectam grandes alterações familiares
(alcoolismo, separação, violência doméstica), nega-se que possa haver
componente emocional. Em contraste, na presença de um destes problemas, a
tendência é valorizar demais os problemas emocionais, algumas vezes, retardando
o diagnóstico de alterações mais graves. A detecção de um problema específico
não deve significar o fim da avaliação e muito menos considerar este problema
como causa única. A dificuldade no aprendizado deve ser entendida como o
resultado final, aparente, de inúmeros fatores, numa interação complexa.
4.2. Fatores que interferem à escola: Trata-se
de um problema social principalmente nas escolas públicas, onde as condições de
trabalho nem sempre são as ideais. Desta forma, alguns professores que aceitam
essas condições de trabalho não são bem qualificados e são desmotivados já que,
além das precárias condições, o salário é baixo. O grande número de crianças
nas salas de aula e a heterogeneidade daquelas faz com que um único ritmo de
ensino prejudique os alunos com dificuldade no aprendizado. O sistema
educacional brasileiro está longe do ideal e são as crianças menos estimuladas
em casa (de classe social mais baixa) que, algumas vezes, se encontram nas
escolas com piores recursos físicos e pessoais.
4.3. Fatores relacionados à família: A
estrutura familiar é de suma importância na vida escolar da criança. Sabe-se
que pais que estudaram por um período maior oferecem um ambiente mais adequado
para seus filhos estudarem. Porém, a falta de estímulo por parte dos pais nas
famílias carentes pode ser responsável pelo maior índice de atraso geral de
desenvolvimento nessas crianças. Outras situações podem interferir como:
·
Nível de exigência da família além das
possibilidades da criança;
·
Confusão de métodos entre a escola e a
família;
·
Pais obsessivamente preocupados causando
ansiedade nos filhos;
·
A criança que trabalha para ajudar no
“sustento” da casa, levando faltas na
escola.
Uma família
equilibrada, amorosa e que valoriza as atividades de lazer, assim como a
participação nas atividades propostas pela escola é o ponto fundamental para a
prevenção e tratamento das dificuldades escolares.
O processo de
aprendizagem está diretamente ligado às condições sociais e econômicas de uma
população. Sem políticas de eqüidade social, a atuação de todos os
profissionais envolvidos
nas questões escolares fica bastante prejudicada.
Para prevenir os problemas relacionados ao
desenvolvimento escolar inadequado pode-se esperar participação conjunta da
escola e dos profissionais de saúde na detecção de possíveis problemas de forma
mais precoce possível. Mesmo antes da entrada da criança na escola é possível
identificar diversos fatores que poderão prejudicar seu desenvolvimento
escolar.
O ambiente familiar da criança é fator de grande importância
na aprendizagem. Um dos problemas que mais aflige os pais é o fato do filho não
ir bem à escola. Mas, antes de qualquer iniciativa, é necessário questionar o
conceito de sucesso escolar e o papel de pais e professores no processo de
aprendizagem. A dificuldade do ensino e aprendizagem está muito ligada aos
problemas sociais e familiares.
Uma criança que nunca tenha tido contato com a escrita ou
qualquer outro estímulo, não terá as mesmas condições de outra emocionalmente
estável que sempre esteve em contato com livrinhos e meios de comunicação. Há
muitos problemas que determinam o fato de uma criança não ir bem à escola. Tais
problemas são causados por qualquer deficiência. Na maioria, a causa está no
bloqueio emocional, falta de preparo ou mesmo problema financeiro em casa, isto
é, decorrente da situação econômica em que se encontra a família atual, já que
vivem na maioria das vezes num mesmo quarto, sem um único livro e às vezes até sem nenhum meio de comunicação,
ocorrendo também à necessidade dos pais trabalharem fora o dia inteiro deixando os
filhos sozinhos. Tudo isso dificulta a aprendizagem.
Tanto os problemas sociais quanto os emocionais influenciam
decisivamente sobre o processo de aprendizagem e as escolas devem estar atenta
a isto. Ás vezes as razões mais evidentes dos problemas escolares estão em
geral na constituição familiar, em problemas que estão mais ligados a razões
emocionais do que qualquer deficiência orgânica. Quando uma criança não vai bem
à escola é necessário, antes de tudo, estudar e analisar a própria vida dela em
seu contexto familiar.
Outros problemas comuns são as pressões e as expectativas dos
pais. O mito de ser o primeiro da classe, muito estimulado pela sociedade, traz
às vezes sérios problemas para a criança, pois ela nem sempre consegue êxito
imediato e sente que está frustrando os pais e isso faz com que ela perca o
interesse pelo estudo. Outro fator importante no que se refere à interferência
da família na aprendizagem é a criação de equilíbrio no lar, não havendo assim,
conflitos que interfiram nos aspectos emocionais da criança. Quando a mesma
vivencia uma situação emocional tencionante, a sua aprendizagem ficará
comprometida, levando-a a ter resultados insatisfatórios.
A situação de um casal
desunido, separado ou divorciado pode provocar situações de distúrbios para a
criança. Nestes casos, normalmente existe uma atitude negativa entre os pais e
a conseqüência natural é o surgimento de distúrbios de desenvolvimento
emocional ou social, circunstâncias estas que podem levar a distúrbios de
aprendizagem.
Quando os pais se conflitam,
a criança vê sua segurança ameaçada, perde grande parte da fé e confiança no
mundo dos adultos e, em geral, apresenta sérios problemas de rendimento
escolar. Esta é uma situação crítica de
incompatibilidade.
Esse fator é
muito presente no ambiente do aluno e que pode ter influxo no seu rendimento
escolar, uma vez que a escola poderá interferir benéfica ou maleficamente no
desenvolvimento da aprendizagem.
É essencial o trabalho conjunto da escola, dos profissionais de saúde e da família. Nesse aspecto, é importante que a família saiba identificar os problemas e, principalmente, saiba que existem profissionais de diversas áreas para oferecer ajuda sempre que for necessário.
É essencial o trabalho conjunto da escola, dos profissionais de saúde e da família. Nesse aspecto, é importante que a família saiba identificar os problemas e, principalmente, saiba que existem profissionais de diversas áreas para oferecer ajuda sempre que for necessário.
Na maioria das vezes o acompanhamento multidisciplinar adequado
ajuda a criança a vencer as dificuldades e acompanhar normalmente os colegas de
sala. Contudo, se o diagnostico não for feito precocemente pode levar a
problemas graves no futuro, como dificuldades no convívio social, baixa
auto-estima e entraves à profissionalização.
_AS APRENDIZAGENS E AS EMOÇÕES
Toda
e qualquer aprendizagem exige não apenas esforço intelectual mas também um
estado de espírito prazeroso que desiniba a inteligência e a capacidade de
aprender. Sabe-se, com efeito, que as perturbações emocionais como a ansiedade,
o medo ou a insegurança inibem o intelecto condicionando todas as funções
cognitivas que são chamadas a intervir na elaboração do raciocínio (lógico,
analítico, criativo, etc) e nas actividades da memória (registo, evocação,etc).
Estimular
auto-estima e auto-confiança nas crianças em idade escolar deve ser uma das
principais preocupações dos pais e dos agentes de educação para que o esforço
de aprender seja facilitado e estimulado por estados emocionais positivos.
Sugerem-se
os seguintes procedimentos:
1. Incentivar
a Empatia e o Afeto: embora a linguagem e a lógica sejam
importantes para ensinar valores às crianças, não moldam o comportamento delas
como as emoções e os sentimentos. Promova
bem-estar emocional. As emoções são poderosas.
2.
Honestidade e Integridade: a honestidade e a ética
podem ser assunto de permanentes conversas desde tenra idade, escolhendo livros
e vídeos para compartilhar com elas, utilizando jogos que desenvolvam a
confiança, etc.
3.
Vergonha e Culpa:a vergonha e a culpa não são vilãs
emocionais. Quando utilizadas de forma apropriada, são recursos importantes
para os pais ensinarem valores morais aos filhos. Use-as mas não abuse.
4.
Pensamento Realista: isto é o oposto da auto-ilusão. Livros ou
histórias contadas pelos pais podem modelar este tipo de pensamento. As
crianças aprenderão a pensar de forma realista sobre os seus problemas ou
preocupações se os pais fizerem o mesmo. A verdade, mesmo dolorosa, não deve
ser escondida.
5.
Otimismo: o otimismo aprende-se com os pais. É mais do
que um simples pensamento positivo. É um hábito de pensar positivamente, uma
disposição ou tendência de olhar para o lado mais favorável dos acontecimentos
ou condições e esperar pelo resultado mais favorável.
6.
Humor: As crianças bem-humoradas apresentam um
quociente de inteligência intrapessoal superior às outras. O seu sucesso social
é geralmente muito grande e fácil de obter.O humor aprende-se a desenvolver
desde muito cedo. A boa disposição e o clima reinante em casa ajudam a modelar
um espírito bem-humorado. As brincadeiras divertidas favorecem os alicerces do
humor.
7.
Amizades : Devem ser incentivadas pelos pais e na escola.
Participar em festas e em grupos é um bom meio de fortalecer a inteligência
social.
8.
Boas Maneiras: Desde muito nova, a criança deve aprender
a comportar-se bem mas sem constrangimentos. A melhor forma de educar boa
maneiras é mostrar como é. As crianças aprendem muito bem por imitação.
9.
Persistência e Esforço: Na adolescência, muitas
crianças perdem interesse em lutar pelas coisas quando enfrentam a realidade
das coisas. Já nem tudo é fácil como antes, durante a infância. Assim, é
necessário ensinar as crianças a perceber o que é a perseverança e a
persistência. As biografias de gente de sucesso é um bom meio. É também muito
importante ajudá-los a administrar o tempo.
10.
Enfrentar e Superar Fracassos:
as crianças são particularmente vulneráveis aos problemas ligados à motivação.
É útil ensinar-lhes que as ameaças e os problemas da vida são desafios a serem
estudados e vencidos. Deve-se ensiná-los a saber tirar partido das suas
habilidades e pontos fortes.
11.
Consciência Emocional: Incentivar as crianças
a verbalizarem os seus sentimentos como maneira de lidarem com conflitos e
preocupações. Ajudá-las a ouvirem e estudarem soluções para os problemas
emocionais.
12.
Controle Emocional: desde muito novas, as crianças devem
aprender a gerir as suas emoções, conversando, dialogando, ouvindo, dando
opiniões, pesquisando soluções para os seus problemas emocionais e sentimentais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário